Português

Nas aulas de Português a professora Manuela Quartas está a dar o Auto da Barca do Inferno  de Gil Vicente (ver aqui).
O cenário desta obra “Auto da barca do Inferno” de Gil Vicente consiste em duas embarcações, que se encontram num porto imaginário onde todas as almas chegam quando morrem. A acção da peça começa com a chegada dos personagens a esse porto em busca da vida eterna.

  
   A preparação das barcas consiste na primeira cena... O diabo está alegre com a certeza de que receberá muitas almas, e o anjo pelo contrário, encontra-se sério e quieto. Estas posturas opostas conferem ao Diabo um relevo especial na peça que se caracteriza pela ironia e pela sátira que diverte o público.



   Logo depois, começam a chegar outras personagens tipo como o Fidalgo Anrique que é das primeiras figuras do auto, trazendo como referência de sua posição, um pajem carregando uma cadeira com encosto e apresentado-se ricamente vestido. Embora muito bem vestido e de uma elegância extrema, este é condenado ao inferno. 
    O personagem que surge logo de seguida é o Onzeneiro Ambicioso. Este traz consigo uma grande bolsa onde guardava o dinheiro que roubava das pessoas quando vivo em suas agiotagens e acaba por ser condenado pela avareza e ganância.

   Quase enganado pelo Diabo que o alicia a entrar na sua barca, afigura que nos aparece seguidamente é o Parvo, o ingénuo  Joane. Este acaba por escapar proferindo palavrões quando descobre o destino dessa barca. Ao se deparar com o anjo é acolhido; a sua sentença é de glorificação da modéstia e humildade.

   O sapateiro ladrão chega carregado de pesadas formas que apontam para a sua profissão. Quer saber onde está a barca destinada aos que morreram confessados e comungados mas o diabo lembra-o de que durante anos ele roubou o povo através do seu ofício e, por isso, acaba por ser condenado pela má fé no comércio e pela sua hipocrisia religiosa.  
  O Frade namorador surge-nos com uma moça pela mão, cantarolando e bailando, envergando sobre o hábito a armadura de esgrimista. O frade recebe condenação por falso moralismo religioso.
   A Alcoviteira Brísida Vaz vem de seguida, acompanhada por um grupo de moças que ela explorou, entregando-as à prostituição.  A sua sentença é a condenação pelos envolvimentos em feitiçaria e prostituição.  

   O Judeu rejeitado chega trazendo um bode nas costas, animal ligado aos sacrifícios da religião judaica. O judeu acaba também por ser condenado.

    O corregedor (o mesmo que juiz, nos dias de hoje), chega, apoiado numa vara e transportando consigo uma resma de processos.   Logo de seguida vem o procurador carregando consigo livros jurídicos.
    A sentença destes dois últimos personagens deve-se à burocracia corrupta e ao uso do poder em benefício próprio.

   O personagem que se segue (o enforcado) aproxima-se, trazendo ainda ao pescoço a corda com a qual se enforcou. Mais uma vez é colocada em destaque a crítica à burocracia corrupta.
    Os Quatro Cavaleiros da Ordem de Cristo são os últimos personagens. Trazem armas e a cruz de Cristo nas suas vestes. O facto de terem morrido a lutar numa batalha pelo bem leva-os a serem aceites na barca do Anjo. 
E assim termina uma das mais geniais obras dramáticas portuguesas: as duas barcas partem em direcções diferentes, uma para o inferno e outra para o paraíso. 




Para os alunos interessados em rever a matéria podem fazer estes exercicios interactivos sobre o Auto da Barca do Inferno (ver aqui).


No dia 14 de Fevereiro fomos com a nossa TIL, a professora Manuela Quartas e a professora Cláudia ao Teatro do Campo Alegre ver a peça "Auto da Barca do Inferno" de Gil Vicente. 
A encenação desta peça esteve a cargo do falecido António Feio.
Antes de começar a peça propriamente dita o Gil Vicente (interpretado pelo actor André Louro) fez-nos uma visita guiada aos bastidores do teatro, com o apoio do seu filho Luís Vicente (interpretado pelo actor Paulo Pinto).
Do elenco fazem parte 8 actores: Paulo Pinto, Duarte Gomes, Catarina Guerreiro, André Louro, Stella d’Assis, Jorge Neto, Pessoa Júnior e Miriam Santos.
Foi uma tarde muito divertida apesar da chuva intensa (daí a foto ter ficado tão tremida :-)




Numa manhã, a professora pergunta ao aluno:
- Diz-me lá quem escreveu 'Os Lusíadas'?
O aluno, a gaguejar, responde:
- Não sei, Sra. Professora, mas eu não fui.
E começa a chorar. A professora, furiosa, diz-lhe:
- Pois então, de tarde, quero falar com o teu pai.
Em conversa com o pai, a professora faz-lhe queixa:
- Não percebo o seu filho. Perguntei-lhe quem escreveu 'Os Lusíadas' e ele respondeu-me que não sabia, que não foi ele...
Diz o pai:
- Bem, ele não costuma ser mentiroso, se diz que não foi ele, é porque não foi. Já se fosse o irmão...
Irritada com tanta ignorância, a professora resolve ir para casa e, na passagem pelo posto local da G.N.R., diz-lhe o comandante:
- Parece que o dia não lhe correu muito bem...
- Pois não, imagine que perguntei a um aluno quem escreveu 'Os Lusíadas' respondeu-me que não sabia, que não foi ele, e começou a chorar.
O comandante do posto:
- Não se preocupe. Chamamos cá o miúdo, damos-lhe um 'aperto', vai ver que ele confessa tudo!
Com os cabelos em pé, a professora chega a casa e encontra o marido sentado no sofá, a ler o jornal. Pergunta-lhe este:
- Então o dia correu bem?
- Ora, deixa-me cá ver. Hoje perguntei a um aluno quem escreveu 'Os Lusíadas'.
Começou a gaguejar, que não sabia, que não tinha sido ele, e pôs-se a chorar.
O pai diz-me que ele não costuma ser mentiroso. O comandante da G.N.R. quer chamá-lo e obrigá-lo a confessar. Que hei-de fazer a isto?
O marido, confortando-a:
- Olha, esquece. Janta, dorme e amanhã tudo se resolve. Vais ver que se calhar foste tu e já não te lembras...!